A ascensão do flexitariano: uma dieta onívora social é o caminho do futuro?

É domingo e sua família está sentada à mesa de jantar. Há um assado, molho e depois há o seu irmão vegano Tom. Sua mãe está chateada por ele não experimentar um pouco do molho em seus vegetais e o vovô está surpreso que o frango conte como carne.

Podemos ter certeza de que a conversa do jantar logo girará em torno de como comer carne é "normal, bom, necessário e natural". Essas são as quatro principais estratégias de racionalização que os onívoros utilizam para defender suas escolhas alimentares.

As intenções de um vegano são boas. A maioria evita o uso de produtos de origem animal porque não quer causar danos aos animais. Mas isso pode colocar seus relacionamentos sob tensão. Quando as pessoas se tornam veganas pela primeira vez, "comer com outras pessoas" é uma das principais razões pelas quais acaba não dando certo.

Mas um novo tipo de redutor de carne está surgindo: o "onívoro social". Esta tendência crescente refere-se a pessoas que vão comer kebab com os amigos, mas não comem carne quando estão em casa ou sozinhas. É difícil dizer o quão comum é o fenômeno, mas o mantra é evitar comer carne onde puder e evitar conflitos sociais ao comer fora.

Existem muitas razões para evitar comer carne. Nenhum outro alimento libera mais gases de efeito estufa na atmosfera ou causa mais destruição de habitat do que a carne. A carne vermelha, em particular, também está associada a um risco aumentado de doenças cardíacas, certos tipos de câncer e de sofrer um derrame.

Depois, há a verdade desconfortável de que os animais sencientes precisam morrer para que possamos comer carne.

O tipo de dieta que evita carne é a certa para você dependerá de suas motivações subjacentes. Se você vê a carne como um assassinato, terá que ir até o fim e seguir uma dieta vegana. Cerca de 2% a 3% das pessoas na Grã-Bretanha atualmente se declaram veganas.

Se você acha que consumir laticínios é bom, tornar-se vegetariano pode ser uma opção melhor. A população vegetariana é de 5% a 7% dos britânicos.

Mas se suas escolhas alimentares são motivadas por preocupações com sua saúde ou com o meio ambiente, uma guloseima de carne ocasional não deve fazer você questionar sua identidade. Uma pesquisa de 2012 descobriu que, mesmo comendo metade da quantidade de carne e laticínios, poderíamos reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 19% e evitar quase 37.000 mortes por ano no Reino Unido.

Se esta dieta reflete você, então você pode se juntar aos 13% dos britânicos que comem carne apenas ocasionalmente – chamados de “flexitarianos”.

Um onívoro social é uma espécie de flexitariano com uma regra muito clara sobre quando vai comer carne: quando é servido em um ambiente social. Isso pode ser muito mais eficaz do que uma intenção flexitariana geral de comer "menos carne". Nesse caso, quanto menos carne ou quando comê-la são decididos momento a momento.

A pesquisa mostra que existe uma lacuna entre nossas boas intenções e comportamento. Seja se exercitando mais ou comendo menos calorias, todos tendemos a sofrer de viés otimista. Essa é a crença errônea de que estamos mais perto de nosso objetivo do que realmente estamos.

Se suas intenções não forem sustentadas por regras claras, essa lacuna pode rapidamente se tornar um abismo. Temos que tomar muitas decisões sobre o que comer todos os dias e muitas vezes sob pressão de tempo. Se não houver regras claras a seguir, podemos cair em velhos hábitos em vez de seguir nossas boas intenções.

Definir regras pode ajudar a mudar o comportamento porque reduz a carga cognitiva de várias decisões todos os dias. Na Universidade de Oxford, testamos se um programa online, chamado Optimise, poderia ajudar os possíveis flexitarianos a reduzir seu consumo de carne de forma mais eficaz.

O programa envolve o preenchimento de um questionário para determinar quanta carne você come atualmente antes de escolher entre uma variedade de estratégias diferentes todos os dias durante nove semanas para reduzir a ingestão de carne.

Isso pode incluir sugestões como: "evite o corredor de carnes e peixes ao fazer compras" ou "vá a um restaurante vegetariano ou à base de plantas". No final do programa, você terá um conjunto de estratégias ou regras de redução de carne, para colocar em prática suas intenções de baixo consumo de carne.